Não existe meio termo, quando o assunto é Big Brother é 08 ou 80, ou ama ou odeia. E tá tudo bem. Mas te convido a embarcar comigo nesse texto cheio de referência interessante para pensarmos espetacularização da vida, cultura de massa e estratégias do programa para gerar entretenimento. Se você é do tipo que não suporta de jeito nenhum, não desiste, a próxima Dose é pra você 😊
Enquanto isso, compartilha com aquele amigo ama, que eu sei que você tem…. risos. Bora?
Uma Dose sobre reality show
Que a 21ª edição do Big Brother Brasil começou e tem dado o que falar você provavelmente já sabe. Ao longo da última década, os reality shows ganharam espaço na mídia ao mesmo tempo que são duramente criticados por supostamente impedir o pensamento crítico, aliás, quem nunca ouviu o clássico “Desliga a TV e vá ler um livro”, ou similares?
A verdade é que, o Big Brother Brasil tornou-se uma máquina milionária, campeão de audiência e determina o comportamento dos participantes e dos telespectadores.
“A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa.” - George Orwell, 1984.
Com participantes desconhecidos (denominados como “Pipoca”) e famosos (“Camarote”), o programa, com duas semanas de seu início, vem ditando as pautas das conversas do público. Houve um aumento de 610% nas buscas por “tortura psicológica” impulsionado por críticas à participante Karol Conká.
Sou uma telespectadora assídua do programa, e para além de endossar como um evento bizarro e/ou experimento desumano, precisamos encará-lo como um produto de uma estrutura social definida. Não a toa que as pautas e bandeiras levantadas lá dentro são reflexo da sociedade que vivemos (e isso desde sempre).
O que o BBB ensina sobre escravidão?
O BBB21 e a crise da militância identitária.
A indústria cultural é fundamental para o funcionamento do sistema capitalista, principalmente, em decorrência de sua essência narcisista. Para impulsionar relações de oferta e demanda, ela vende pra gente “a satisfação manipulada de nos sentirmos representados nas telas do cinema e da televisão.”
CBS determina que reality shows tenham 50% de negros ou indígenas
Na psicologia da indústria cultural, os espectadores precisam purgar seus medos e ansiedades por meio da identificação com aqueles que estão em cena (FISCHER, 1966; MARCONDES FILHO, 1986)
O programa cria um espetáculo hiper-real com o propósito de nos distanciar da realidade e a realidade do brasileiro está indo tão de mal a pior que tudo que queríamos era um distanciamento.
Como a pandemia aumentou o interesse pela vida dos outros?
Para quem não está tão por dentro do que vem ocorrendo, mesmo estando ainda na segunda semana, essa edição está marcada por perseguição, manipulação, jogo psicológico, intolerância religiosa, esvaziamento de pautas sociais, cancelamento e bifobia - motivo da saída do Lucas.
O fato de ser uma minoria, mesmo uma minoria de um, não significava que você fosse louco. Havia verdade e havia inverdade, e se você se agarrasse à verdade, mesmo que o mundo inteiro o contradissesse, não estaria louco.” - George Orwell, 1984.
Lucas sai maior do BBB21 ao rejeitar o espetáculo baseado na desumanização.
A Yadjla falou nesse texto sobre a arquitetura do psico-entretenimento e como a atual decoração da casa dificulta os processos adaptativos e podem trazer mal estar físico e mental para os participantes.
Lembra que lá no começo falamos que o BBB é uma máquina milionária mesmo com tantas controvérsias?
O marketing no BBB coloca empresas em fila de espera para disputar espaço no programa.
A Netflix exibe comercial de quase 3 minutos na estréia do BBB e isso significa muita grana.
Uma Dose sobre George Orwell e cultura pop
George Orwell foi pioneiro no conceito. Em seu livro, 1984, o personagem Grande Irmão é o líder supremo que controla toda a sociedade.
A partir dessa obra, várias outras produções surgiram inspiradas nessa espetacularização da vida, incluindo o Big Brother, segue algumas delas e se você conhece outras mais, me envie por email, que tal? dosedeimpacto@gmail.com
O Show de Truman - Clássico, um homem tem sua vida televisionada o tempo todo em uma realidade simulada.
White Bear, episódio de Black Mirror - Uma mulher é “stalkeada” por seus vizinhos e demais pessoas do bairro, que é controlado por um sinal de televisão.
Bad Wolf, episódio de Doctor Who - Os personagens precisam lutar pela vida a bordo do Game Station. Na série, esses programas são retratados não só como instrumentos de alienação, mas como veículos que despertam a ganância, a rivalidade e a vaidade.
Obrigada por ler até o final!
Espero que a Dose tenha feito sentido pra você igual fez pra mim.Me conta por e-mail o que achou: dosedeimpacto@gmail.com 😊
💡 escrita por nathalia evelyn, pós graduada em serviço social e comunicóloga em formação.
*unindo o melhor dos dois mundos* para pensar impacto social, desenvolvimento, comportamento e sustentabilidade.
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Incrível sua análise! E achei ótimo você citar justamente o episódio White Bear de Black Mirror, porque com o BBB21 estou sentindo realmente o mesmo desespero que senti quando assisti esse episódio...