SXSW: onde é o berço das inovações?
Inovações Possíveis, Tecnologia para as Pessoas, Indigenous Futurism, Abril Indígena, Dia da Terra | Dose de Impacto #20
ois!
mais uma edição da dose. tem um pouco de tudo. de olho na cultura, mas nem sempre no entretenimento. o quanto tem de disposição para de fato Transformar?
✨ o Estudio Riso redesenhou a dose que agora tem uma id, logo e cartela de cores definidas por uma profissional incrível, tá? não é pouca coisa não! ✨
em algum momento no meio de tudo aqui revisitei a primeira dose que escrevi, que tinha outra cara, foi meio nostálgico. mas criar é ter liberdade pra mudar! me conta, você tá aqui desde aquela época ou chegou mais recente?
📝 Já se perguntou onde nascem as inovações?
Durante o mês de março rolou o SXSW (South by Southwest) em Austin/Texas/US. Em linhas gerais, pra todo mundo ficar na mesma página, é um evento anual que converge tecnologia, futuro, audiovisual, música, educação, cultura e vários outros temas, no mesmo lugar.
O evento reúne várias mentes brilhantes na capital do Texas para discutir e setar agendas e tópicos que reverberam e definem os próximos passos desses setores. De fato, muita inovação sai de lá. Assim como sai do Vale do Silício - o pólo tecnológico mundial. E da Faria Lima - onde concentra as grandes empresas de SP.
Como eu não me desloquei até o evento, fiz uma curadoria especial de profissionais que admiro, conectados com temas que tenho interesse, e que se propuseram a criar conteúdo e democratizar os tópicos que foram discutidos por lá.
O mais valioso desse tipo de evento é a possibilidade de trocar experiências e ouvir de pessoas diversas, do mundo todo. Mas aí não é uma especificidade do SXSW, um Tedx online da vida também te conecta com esse tipo de experiência - em maior ou menor grau. E aqui é exatamente o ponto que quero chegar.
Esses dias estava zapeando entre minhas abas abertas e e-mails não lidos e encontrei a palestra da Xiaowei R. Wang, pesquisadora, engenheira de software, escritora e artista, sobre empreendedorismo e tecnologias emergentes do campo. A palestra é em inglês e, entre várias coisas, aborda como zonas rurais se tornaram grandes centros de dados, pano de fundo para e-commerces e iniciativas empreendedoras que, por forças de mercado, se conectam com o mundo todo.
Ela traz vários exemplos muito interessantes como criadores chineses de frango que usam rastreamento biométrico e blockchain para melhorar a transparência da cadeia de suprimentos, e fazendas de cultivo de arroz que criaram sozinhos formas de irrigação natural onde a água flui do topo para baixo e isso, de certa forma, mudou até as estruturas de governo da região.
Quando assisti, estava “cheia de SXSW” na cabeça, e achei muito legal que ela traz que não é como se a tecnologia ajudasse o campo a se desenvolver. Na verdade, esses espaços tem criatividade, tecnologia e inovação suficientes para competir com gigantes. E, isso é muito legal que me provoca a olhar o trabalho da minha família, que é produtora de café em MG, por outra perspectiva!
Não são lugares carentes de tecnologia ou alfabetização em mídia digital. São como centros de inovação humilde que enfatizam a comunidade e a sustentabilidade.
Isso me deixou refletindo também a velha máxima de “Think Global, Act Local”, que tem várias definições e conceitos. Nasceu com a premissa das mudanças climáticas e sustentabilidade, que pequenas mudanças podem sim fazer a diferença. Mas aqui trago com a perspectiva de buscar referências fora do seu campo de visão, adaptar e aplicar no seu campo de atuação, no seu território e/ou onde você alcança.
Isso tudo pra dizer que a inovação não vem só de Faria Lima, Vale do Silício e Austin. A inovação também está fora ou afastada de grandes centros urbanos, onde as pessoas são os centro das decisões. E não a tecnologia. Inovação também é a possibilidade de mudar estruturas político-sociais pré estabelecidas e escrever novas narrativas com outros sujeitos no centro.
Para quem quer ficar por dentro do que rolou no SXSW 👇
A noção de futuro foi, por muito tempo, construída por e para uma parcela muito específica da população. Por muito tempo a terra foi vista como o grande motor de uma sociedade futurista, feita para os brancos. Enquanto os sonhos, culturas, economias e artes dos povos indígenas existentes, quando levados em consideração, eram vistos como um impedimento para esse futuro - de extração de recursos.
O termo “futurismo indígena” surgiu junto com outros movimentos, como o afrofuturismo, para recuperar o passado e construir o futuro para as pessoas de grupos sub-representados que, até hoje, são eliminadas da história.
Futurismo indígena é um movimento que utiliza de tecnologias atuais para reviver o que foi apagado da história. É um movimento artístico que analisa como a cultura indígena se cruza com a tecnologia e cria uma nova forma de contar as histórias desse povo.
Abril é mês indígena - e da terra! Tempo de mobilização popular para recuperar e contar essas histórias, as artes e o ser indígena para imaginar e reescrever narrativas de futuros possíveis.
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🌍 Dia da Terra - SOS Climate Clock
A primeira dose que escrevi, ainda em 2020, era sobre quanto tempo tínhamos até um desastre climático. Na época, o relógio mostrava 7:103:15:40:07 - sete anos, 103 dias e 15 horas.
Hoje, o relógio mostra 5:110:17:27:04 - 5 anos, 110 dias e 17 horas.
O relógio, chamado Climate Clock, faz uma contagem regressiva sobre o tempo que temos para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, para não exceder os 1.5 graus Celsius de aquecimento global.
Se seguirmos agindo como atualmente, ou seja, baixo investimento e baixa velocidade de ação, a temperatura média da superfície global atinge 3-4°C até 2100, com impactos catastróficos (e permanentes) na humanidade e na biosfera, incluindo: inundações, secas, extinções em massa, regiões permanentemente inabitáveis, milhares de milhões de refugiados climáticos e centenas de milhões de mortos. Ou seja, a civilização tal como a conhecemos não será mais possível.
Já em um cenário de investimento máximo e máxima velocidade de ação, a temperatura média da superfície global pode ultrapassar pouco menos de 1,5°C por volta de 2040 e estabilizar durante o resto do século, preservando o planeta de forma habitável para as gerações futuras!
Se mudarmos as nossas prioridades agora, poderemos mudar o futuro.
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✊🏿 1º Festival Mundial de Arte Negra, em 1966.
Realizado de 1-24 de abril de 1966, no Senegal, o festival buscava apresentar a negritude como um caminho político possível. Foi organizado com total apoio do presidente Léopold Sédar Senghor e contou com participações brasileiras.
Foi um festival com muita arte, criatividade e narrativas pretas para transformar imaginários. Olha esse recorte de jornal da época falando sobre que massa:
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Afrogames usa a ludificação como uma ferramenta para combater o epistemicídio.
Netflix anuncia reality show para descobrir novos talentos do rap e trap.
🤝 Vamos co-criar?
Se você gosta do que vê por aqui e seu projeto, marca ou negócio precisa de ideias, inspirações ou pitacos sobre como se inserir na cultura, compreender e desenhar cenários futuros com impacto positivo e como se manter relevante no digital, me mande uma mensagem! 👩🏽💻
Posso te ajudar em sessões de brainstorms/workshops/sprints criativos e te auxiliar com pesquisa criativa sobre diversas narrativas. Se você precisa de um help para se inserir na cultura, você pode me mandar um e-mail para pensarmos uma forma de colaboração. Te espero!
🔎 Uma Dosinha do que rolou por aí
Os ventos das mudanças sinalizam o futuro
França é o primeiro país do mundo a incluir o aborto na Constituição 🇫🇷 Desde 2001, uma em cada quatro grávidas interrompem a gestação por aborto na França, de acordo com um relatório parlamentar de 2020. Mas o gatilho para incluir o acesso ao aborto na Constituição na França veio após a decisão do Suprema Corte dos Estados Unidos de revogar o direito federal ao aborto, em junho de 2022. E também após o retrocesso dos direitos ao aborto em países como a Hungria e a Polônia.[leia aqui]
Hip Hop se torna Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de São Paulo 🎤 O Hip Hop não é apenas um movimento social, mas é a consolidação do poder da criatividade como manifesto das lutas diárias de uma sociedade que busca transformar vidas, através da expressão da arte urbana e periférica. [leia aqui]
Uma vila da França baniu o uso de smartphones em público 🇫🇷 A proibição é para que adultos e crianças parem de scrollar enquanto andam na rua, passeiam, encontrem com amigos etc. Aqui no centro de São Paulo to vivendo a mesma coisa, risos. [leia aqui]
NTS Radio: Rádio inglesa lança primeiro compilado internacional do funk de São Paulo 🇧🇷 O álbum 'funk.BR - São Paulo' reúne 22 faixas inéditas dos principais nomes do gênero, como DJ Arana, DJ Blakes, MC GW, Mu540 e DJ K. Os visuais estão incríveis! [leia aqui]
Se você leu até aqui, espero que a dose tenha feito sentido pra você igual fez pra mim.
Me conta por e-mail o que achou: dosedeimpacto@gmail.com 😊